segunda-feira, novembro 22, 2010

Sobre escrever - II

O escritor debruça-se sobre a mesa, animado. Sente-se iluminado por uma ideia que considera forte, significativa. Sim, talvez dali nasça um grande trabalho. Sem nenhum medo ou influência de sua autocrítica, ele rapidamente escreve sua ideia, como se a estivesse contando para alguém. Minutos depois, o escritor, silencioso, olha demoradamente para a meia página que preencheu. Sua mente agora está em branco.

Já foi dito aqui que, para que uma ideia cresça, é necessário, em primeiro lugar, materializá-la, sem cerimônias, seja na tela do Word, seja em uma folha de papel. Esse ato pode desencadear uma série de outros processos, levando facilmente à conclusão do trabalho. Ou pode resultar em uma lista de tópicos e textos inacabados, uma sinopse repleta de espaços a serem preenchidos e o pior, nenhum resquício de inspiração para seguir adiante. O que fazer, então, em segundo lugar?

Quando a inspiração se esgota, uma boa saída é pesquisar. Ou, lançando mão do jargão comum a quem trabalha com criação, é hora de buscar referências.

Buscar referências, friamente falando, é o ato de compilar informações e ideias acerca de um determinado tema. Não importa se o protagonista do futuro romance é um pirata ou um biólogo, é preciso adquirir embasamento para falar sobre ele. Nesse momento, tudo em volta pode servir. Notícias, revistas, livros, filmes... A lista é infinita. E a análise do material encontrado requer minuciosa atenção, bem como uma firme noção do que realmente se quer com ele.  Assim, evita-se a tentação de seguir sempre adaptando a ideia inicial às novas informações encontradas. Tal atitude impede o trabalho de avançar e o condena a andar em círculos, indefinidamente.

Como exemplos rápidos do uso bem-sucedido de referências, temos Da Vinci e seus estudos científicos sobre a natureza e anatomia; os vampiros do RPG de Rein-Hagen, que migraram diretamente dos livros de Anne Rice; George Lucas e as inúmeras citações que permeiam Star Wars, indo de filmes clássicos aos livros de fantasia de Tolkien; ou ainda, o próprio Tolkien e seu universo, uma consagrada releitura dos mitos da cultura nórdica. Enfim, há uma enormidade de artistas e obras largamente celebradas, cujas inspirações são bem conhecidas do público.

Isso acontece, virtualmente, em todo tipo de arte. Então, por que muitos escritores veem tal atividade quase como um ato ilícito?

Nesse caso, falta a percepção de que reproduzir partes de um trabalho já estabelecido (plágio) é algo muito diferente de tão somente “dissecá-lo”, estudá-lo. Entender os porquês de determinada informação, cena ou situação é o que faz encontrar nela algo que possa servir como gênese de novas ideias, novas possibilidades.

É preciso ter em mente que não se gera uma obra de arte a partir do nada. Criar é modificar aquilo que já existe. Quando nos acomete um pensamento que julgamos original, raramente percebemos que ele é o resultado da ebulição inconsciente de um denso amontoado de referências. Mais difícil ainda é fazer o caminho inverso e investigar exatamente onde, no fundo de nossa mente, ele foi fabricado. Mas, é possível “forçar” tal fenômeno.

Ainda assim, caso persista no escritor algum preconceito ao buscar inspiração em obras de contexto semelhante ao tema por ele trabalhado, pode-se ir ainda mais longe. Afinal, os dilemas humanos nunca mudam. O homem sempre lutou pela vida, por um amor ou contra a fome. Com espadas ou bombas, guerra é guerra. Abrindo um pouco a mente, é possível preencher lacunas persistentes com os materiais mais inusitados.

Digamos que o escritor deseje aprofundar-se no tema “gangues urbanas nos dias de hoje”. Se ele quiser abordar o preconceito ou a violência que vem da opressão, pode achar inspiração para conflitos, personagens, cenas e situações lendo sobre os povos bárbaros. Se, por outro lado, seu intento é mostrar pobreza e falta de perspectiva, algo sobre os subúrbios da Londres dos anos 60-70 pode ajudar bastante.

O trabalho com referências é apenas uma das várias outras técnicas largamente usadas como estímulo da criatividade. Outras mais serão temas para textos futuros. O escritor pode estudar e dominar cada uma delas e dispor sempre de preciosos recursos para horas mais áridas. Ou pode, simplesmente, seguir o ditado: “Inspiração não é combustão espontânea. Você deve incendiar a si próprio”.

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Sobre escrever - I



“Agora não é hora de pensar! É hora de escrever!”
 
Filme “Encontrando Forrester”, 2000.


Nas artes, as ideias são o marco que separa a vida comum da obra acabada. Por um lado, uma ideia nunca é gerada do nada, e sim, de uma constante ebulição de pensamentos e experiências. Por outro, ela costuma ser a fagulha, que acende o estopim de algo muito maior. Memoráveis obras de arte nascem de pequenos relances de criatividade, todos os dias.

Existem escritores que trabalham somente sob os impulsos da inspiração, e possuem rendimento bastante regular e satisfatório, ou seja, fôlego o suficiente para terminar os projetos começados, prolongando o calor passional do momento de iluminação até onde for preciso. São artistas intuitivos, que elaboram mentalmente as etapas de seus trabalhos, conforme vão dando forma a eles. 

Mas esses não são os casos mais frequentes. Passado o momento de originalidade, não é raro o escritor ficar perdido, sem saber para onde levar a ideia que parece fugir para todas as direções e para nenhum lugar, ao mesmo tempo. O mundo desse escritor está cheio de romances inacabados, escondidos em sua mente, e horas e horas desperdiçadas diante de uma folha ou tela em branco. Esse tipo de artista oscila entre uma semana de noites viradas e grandes períodos de ócio; empolgação e envolvimento total com seu novo projeto, e então, total desinteresse e desmotivação. Ele não usa a inspiração a seu favor. É seu escravo.

Como proceder, então, quando há um prazo se aproximando, ou quando uma história, por algum motivo, insiste em permanecer incompleta? Lança-se mão de certos recursos para fomentar e forçar a inspiração, mantendo constante o fluxo criativo. 

Em primeiro lugar, o escritor precisa se esforçar para tirar da mente toda a ideia geradora, materializá-la, seja na tela do computador ou no papel. Os olhos precisam vê-la. Lê-la. É importante salientar que não se pode ser muito autocrítico, nessa fase inicial. Não é preciso dar muita atenção às escolhas de palavras, ou aspectos estruturais. O que importa é transformar um sonho no começo de alguma coisa real. Quem gosta de escrever, deve habituar-se a, simplesmente, escrever, e, de forma espontânea, contar seus pensamentos para si próprio. O cérebro precisa confrontá-los por outro ângulo, como se eles tivessem realmente vindo de fora. Quando se tem algo já concretizado diante dos olhos, há um alívio psicológico que ajuda a impulsionar o restante do processo, um tanto mais demorado e complexo. Agora é hora de pesquisar, corrigir, modificar, reconstruir, acrescentar, cortar, envernizar, revisar...

Com o tempo, o escritor começa a dominar cada uma das etapas, desenvolvendo sua própria maneira de planejar seu esboço, estruturá-lo e finalizá-lo, aproveitando melhor suas ideias e o tempo de que dispõe, aumentando, assim, sua produção.

Para ler mais
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sábado, novembro 06, 2010

♪ Legião Urbana - Monte Castelo ♫ (com legenda)







Inspiração...

O admiravel nascimento de uma desilusão


No começo uma inspiração
A expansão de uma ideia
Do pensamento nascem as palavras
Das palavras as ações...
Estrofes... métrica
Estética... patética
Regras e conceitos
Técnicas...
Onde fica o sentimento?
Onde fica o verdadeiro falar?
Perde-se...
Na analise dos senhores da perfeição
Minha inspiração... Esvai-se pelos dedos
Na dificuldade de externar.
O que se sente...
Minha mão já dormente
Rabisca apenas desilusão

O que eu também não entendo - Clipe - Jota Quest

terça-feira, novembro 02, 2010

Como ser Criativo


A criatividade não é um dom especial que só algumas pessoas possuem.

Você pode desenvolver sua criatividade se buscar continuamente a informação sobre tudo que o cerca, se tiver sensibilidade para todas as coisas que acontecem à sua volta e curiosidade para descobrir o que se esconde nas aparências dos fatos, dos objetos, das pessoas.

A inspiração, o "click", é o resultado final de muita leitura, observação e análise. A inspiração é o momento em que o arquivo mental entra em ação e abre-se uma gaveta com uma grande idéia. Para que esta gaveta se abra, o arquivo tem que ser abastecido.

Aproveitando as idéias do professor Whitt N. Schultz, da Universidade de Buffalo nos Estados Unidos, famosa por seus cursos de criatividade, a Tilibra preparou estas dicas para que você tenha muitas idéias criativas e brilhantes.


Você pode desenvolver sua criatividade se buscar continuamente a informação sobre tudo que o cerca, se tiver sensibilidade para todas as coisas que acontecem à sua volta e curiosidade para descobrir o que se esconde nas aparências dos fatos, dos objetos, das pessoas.

A inspiração, o "click", é o resultado final de muita leitura, observação e análise. A inspiração é o momento em que o arquivo mental entra em ação e abre-se uma gaveta com uma grande idéia. Para que esta gaveta se abra, o arquivo tem que ser abastecido.


  1.   Saiba que há um tesouro em sua cabeça - uma mina de ouro entre suas orelhas. Construir um computador com as mesmas características do seu cérebro custaria mais do que 3 bilhões de bilhões de dólares.
Sabe como se escreve isso?
Assim, um três e dezoito zeros:
US$3.000.000.000.000.000.000,00

  2.   Todo dia escreva pelo menos uma idéia sobre estes assuntos: como eu posso fazer meu trabalho melhor; como eu poderia ajudar outras pessoas; como eu posso ajudar minha empresa; como eu posso ajudar o meu país.

  3.   Escreva seus objetivos específicos de vida. Agora, carregue esta relação no bolso - sempre.

  4.   Faça anotações. Não saia sem papel e lápis ou algo para escrever. Anote tudo, não confie na memória.

  5.   Armazene idéias. Coloque em cada pasta um assunto. Idéias para a casa, para aumentar a sua eficiência no trabalho, para ganhar mais dinheiro. E vá aumentando este banco de dados através de leitura, viagens, conhecimento com novas pessoas, filmes, competições esportivas etc.

  6.   Observe e absorva. Observe tudo cuidadosamente. Aproveite o que você observa. E principalmente, observe tudo como se fosse a última vez que você fosse ver.

  7.   Desenvolva uma forte curiosidade sobre pessoas, coisas, lugares. Ao falar com outra pessoa faça com que ela se sinta importante.

  8.   Aprenda a escutar e ouvir, tanto com os olhos quanto com os ouvidos. Perceba o que não foi dito.

  9.   Descubra novas fontes de idéias. Através de novas amizades, de novos livros, de assuntos diversos e até de artigos como este que você está lendo.

  10.   Compreenda primeiro. Depois julgue.

  11.   Mantenha o sinal verde de sua mente sempre ligado, sempre aberto.

  12.   Procure ter uma atitude positiva e otimista. Isso ajuda você a realizar seus objetivos.

  13.   Pense todos os dias. Escolha uma hora e um lugar para pensar alguns minutos, todos os dias.

  14.   Descubra o problema. Ataque seus problemas com maneiras ordenadas. Uma delas é descobrir qual é realmente o problema, senão você não vai achar a solução. Faça seu subconsciente trabalhar. Ele pode e precisa. Dia e noite. Fale com alguém sobre a idéia, não a deixe morrer.

  15.   Construa GRANDES idéias a partir de pequenas idéias.Associe idéias. Combine. Adapte. Modifique. Aumente. Diminua. Substitua. Reorganize-as. E finalmente, inverta as idéias que você tem.

  16.   Evite coisas que enfraqueçam o cérebro: barulho, fadiga, negativismo, dietas desequilibradas, excessos em geral.

  17.   Crie grandes metas. Grandes objetivos.

  18.   Aprenda a fazer perguntas que desenvolvam o seu cérebro: Quem, Quando, Onde, O quê, Por quê, Qual, Como.

  19.   Coloque as idéias em ação. Lembre-se de que uma idéia razoável colocada em ação é muito melhor que uma grande idéia arquivada.

  20.   Use o seu tempo ocioso com sabedoria. Lembre-se de que a maior parte das grandes idéias, os grandes livros, as grandes composições musicais, as grandes invenções foram criadas no tempo ocioso dos seus criadores.


Apenas para confirmar que a criatividade não é um dom, mas um potencial a ser explorado à sua volta e dentro de você, vamos ver o que grandes inventores e pensadores escreveram sobre CRIAR:

"As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam."
(Bernard Shaw - Filósofo)

"Minhas invenções são fruto de 1% de inspiração e 99% de transpiração."
(Thomas Edison - Inventor)

"As mentes são como os pára-quedas: só funcionam se estiverem abertas."
(Ruth Noller - Pesquisadora da Universidade de Buffalo)

"As boas idéias vêm do inconsciente. Para que uma idéia seja relevante, o inconsciente precisa estar bem informado."
(David Ogilvy - Publicitário)

Compreenda o processo criativo

Catherine Patrick descreve as fases do processo criativo em seu livro "O que é o pensamento criativo".

1. Preparação

É a fase de coleta e manipulação do maior número de dados e elementos pertinentes a um problema. Ler, anotar, discutir, colecionar, consultar, rabiscar, cultivar sua concentração no assunto.

2. Incubação

É quando o inconsciente entra em ação e, desimpedido pelo intelecto, elabora as inesperadas conexões que constituem a essência da criação.

3. Iluminação

O momento da gênese da idéia, a iluminação ou síntese ocorre para o homem criativo em incubação nos momentos mais inesperados.

4. Verificação

Nesta fase, o intelecto termina a obra que a imaginação iniciou. O criador analisa, julga e testa sua idéia para avaliar sua adequação.

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