Sobre escrever - I
“Agora não é hora de pensar! É hora de escrever!”
Filme “Encontrando Forrester”, 2000.
Nas artes, as ideias são o marco que separa a vida comum da obra acabada. Por um lado, uma ideia nunca é gerada do nada, e sim, de uma constante ebulição de pensamentos e experiências. Por outro, ela costuma ser a fagulha, que acende o estopim de algo muito maior. Memoráveis obras de arte nascem de pequenos relances de criatividade, todos os dias.
Existem escritores que trabalham somente sob os impulsos da inspiração, e possuem rendimento bastante regular e satisfatório, ou seja, fôlego o suficiente para terminar os projetos começados, prolongando o calor passional do momento de iluminação até onde for preciso. São artistas intuitivos, que elaboram mentalmente as etapas de seus trabalhos, conforme vão dando forma a eles.
Mas esses não são os casos mais frequentes. Passado o momento de originalidade, não é raro o escritor ficar perdido, sem saber para onde levar a ideia que parece fugir para todas as direções e para nenhum lugar, ao mesmo tempo. O mundo desse escritor está cheio de romances inacabados, escondidos em sua mente, e horas e horas desperdiçadas diante de uma folha ou tela em branco. Esse tipo de artista oscila entre uma semana de noites viradas e grandes períodos de ócio; empolgação e envolvimento total com seu novo projeto, e então, total desinteresse e desmotivação. Ele não usa a inspiração a seu favor. É seu escravo.
Como proceder, então, quando há um prazo se aproximando, ou quando uma história, por algum motivo, insiste em permanecer incompleta? Lança-se mão de certos recursos para fomentar e forçar a inspiração, mantendo constante o fluxo criativo.
Em primeiro lugar, o escritor precisa se esforçar para tirar da mente toda a ideia geradora, materializá-la, seja na tela do computador ou no papel. Os olhos precisam vê-la. Lê-la. É importante salientar que não se pode ser muito autocrítico, nessa fase inicial. Não é preciso dar muita atenção às escolhas de palavras, ou aspectos estruturais. O que importa é transformar um sonho no começo de alguma coisa real. Quem gosta de escrever, deve habituar-se a, simplesmente, escrever, e, de forma espontânea, contar seus pensamentos para si próprio. O cérebro precisa confrontá-los por outro ângulo, como se eles tivessem realmente vindo de fora. Quando se tem algo já concretizado diante dos olhos, há um alívio psicológico que ajuda a impulsionar o restante do processo, um tanto mais demorado e complexo. Agora é hora de pesquisar, corrigir, modificar, reconstruir, acrescentar, cortar, envernizar, revisar...
Com o tempo, o escritor começa a dominar cada uma das etapas, desenvolvendo sua própria maneira de planejar seu esboço, estruturá-lo e finalizá-lo, aproveitando melhor suas ideias e o tempo de que dispõe, aumentando, assim, sua produção.
Para ler mais
http://sistema-nerd.blogspot.com/
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